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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Remédios mudam tratamento de dependentes químicos




Remédios mudam tratamento de dependentes químicos
Uma nova geração de medicamentos está mudando as perspectivas no tratamento de dependentes químicos nos EUA. Remédios que aliviam o desejo de consumir as drogas e vacinas para a dependência estão sendo testados, alguns até já estão disponíveis no mercado, como complemento aos programas tradicionais de reabilitação.

Na semana passada, a agência americana de alimentos e medicamentos - o FDA- aprovou o acamprosato, um medicamento para bloquear a dependência do álcool. Em geral, esses remédios atuam nos receptores opióides cerebrais, diminuindo a fissura pela droga, um dos componentes da dependência química.

Este é o primeiro remédio aprovado pelo FDA para tratamento do abuso de álcool por uma década. Ele é usado para manter as pessoas abstinentes após terem parado de beber. O acamprosato pode não funcionar em pacientes que continuam bebendo ou em pacientes que abusam de outras drogas além do álcool.

Já as vacinas estimulam a produção de anticorpos, cuja molécula é maior que a da droga, o que acaba por impedir que a molécula da droga ultrapasse a barreira hematoencefálica, ou seja, impede que a droga chegue ao cérebro, explica o psiquiatra Sergio Seibel, 59, presidente do Comitê Multidisciplinar de Estudos em Dependência do Álcool e outras Drogas, da Associação Paulista de Medicina. Assim, o usuário deixa gradativamente de sentir o efeito proporcionado pela substância.

A vacina contra a cocaína é a promessa que está mais perto de ser realizada. Em fase experimental em universidades americanas, a vacina deve chegar ao mercado nos próximos anos. Vacinas contra a heroína, a nicotina e o ecstasy são bem mais incipientes, estão ainda em fase de estudos farmacológicos.

A nova geração de medicamentos não só dá esperança aos pacientes e a seus familiares como é uma mudança na visão sobre a dependência química. Para especialistas, os novos tratamentos possibilitarão que o problema seja visto -e tratado- como qualquer outra doença crônica.
Nos EUA, a utilização da buprenorfina tem tirado os pacientes das clínicas de reabilitação e levado os dependentes químicos da heroína para os consultórios médicos, diminuindo o estigma que paira sobre estes. A substância é uma alternativa à metadona, usada no tratamento para a dependência de opiáceos desde os anos 60.

Dos cerca de 10 milhões de americanos dependentes químicos, entre 180 mil e 200 mil são tratados com metadona. Só em Nova York são 36 mil pessoas. No ano passado, médicos norte-americanos prescreveram 80 mil receitas para a buprenorfina.
No Brasil o uso da heroína é bastante pequeno para a produção de dados. As substâncias que mais causam dependência entre os brasileiros são o álcool e o tabaco.
Apesar de as perspectivas serem positivas, ainda é necessário muito trabalho e persistência por parte dos envolvidos. Os remédios, mesmo eficientes, são um suporte médico e devem fazer parte de uma "atitude". "Não se pode olhar a dependência apenas com um critério biológico", diz o psiquiatra, que ressalta a importância da psicoterapia e outras terapias mistas no processo.

Autor: xxx
Fonte: Folha de S.Paulo




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